Complementando a programação especial de filmes desenvolvida para comemorar os 50 anos do nascimento do Hip Hop, o festival acolhe palestras que discutirão algumas das contribuições que o género tem dado às comunidades, bem como a relevância da música nas nossas sociedades.
CONVERSAS CALL TO ACTION: HIP HOP 50 UMA CELEBRAÇÃO
Palavras que transformam
22 QUA, 16:30, BATALHA CENTRO DE CINEMA - CAFETARIA & BAR
Convidados: Capicua, Fábio Silva
Moderação: Rui Miguel Abreu
O rap, essa capacidade de pensar e agir sobre o mundo em forma de verso cadenciado, pontuado pelo ritmo erguido pelo DJ, tem nas palavras a matéria prima. E as palavras carregam peso, têm poder. O rap, com essa força, mudou o mundo, afirmou-se enquanto lugar de fala para tantas comunidades que nunca antes tiveram esse espaço de intervenção. Mas o rap não nasceu de geração espontânea: na América, os poetas-griots modernos, de Gil Scott-Heron aos Last Poets, sintonizaram as palavras com uma música que era negra e urgente, inventiva e do futuro. Quando se escutaram esses discos no Bronx, uma outra revolução teve lugar. Trouxe-nos até aqui, a um mundo em que a arte de criar algo a partir de nada continua válida, um mundo em que o hip hop pode passear-se no topo das tabelas de vendas, mas continua com as raízes enterradas bem fundas num chão sagrado onde repousam todas as palavras jamais cuspidas a um microfone enquanto, lá atrás, o boom e o bap se escutavam em padrões tão perfeitos que faziam o mundo avançar. Nada mudou. Mas tudo é diferente agora.
Rui Miguel Abreu
Capicua
Descobre a cultura hip hop nos anos 90 (pelo Grafitti, depois pela música), passando a aprendiz de rapper nos anos 00. Socióloga de formação, considera-se uma rapper militante e é conhecida pela sua escrita politicamente engajada. Tem duas mixtapes, três álbuns em nome próprio, um EP e dois discos-livro para crianças.
Fábio Silva
Fez mestrado em Cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema. Em 2018 corealiza o seu primeiro filme, a longa-metragem Hip to da Hop. Realiza as curta-metragens A Morte de Isaac e Fruto do Vosso Ventre, ambas selecionadas em vários festivais nacionais e internacionais. Atualmente trabalha na sua próxima longa documental intitulada As Tuas Costas Ainda Ardem.
Rui Miguel Abreu
Crítico de música no jornal Expresso, escreve sobre música na Blitz e na revista internacional We Jazz e dirige a plataforma rimasebatidas.pt. Assina vários programas na Antena 3 e já criou documentários para a RTP.
Nó das Antas: por onde anda o Hip Hop portuense?
25 SÁB, 16:45, BATALHA CENTRO DE CINEMA - SALA 1
Convidados Ace, Maze, André Carvalho
Moderação: Ricardo Farinha
Depois da exibição de "Não Consegues Criar o Mundo Duas Vezes", documentário realizado por Catarina David e Francisco Noronha focado no rap portuense, Ace (Mind da Gap), Maze (Dealema) e André Carvalho (Circus Network) participam numa sessão moderada por Ricardo Farinha (autor do livro "Hip Hop Tuga – Quatro Décadas de Rap em Portugal"). Sob o mote dos 50 anos da cultura hip hop, celebrados este ano na América, a ideia é debater e refletir sobre o hip hop em português, falando das suas especificidades, identidades, de onde veio e para onde se dirige. No fundo, fazer um ponto de situação do hip hop em Portugal – com natural maior pendor para o rap do Grande Porto – estabelecendo diálogo com a realidade norte-americana, mergulhando na história mas de olhos postos no futuro.
Ricardo Farinha
Ace
Um dos fundadores dos Mind da Gap. Enquanto artista a solo, editou o seu primeiro trabalho em 2003, IntensaMente, totalmente produzido, escrito, gravado e misturado por si. Também em formato de total autoprodução, fez Marlon Brando, em 2017, e Biografia de uma Consciência, em 2023, sob o pseudónimo Brando.
Maze
Maze é o nome artístico de André Neves, que insere as suas produções artísticas no âmbito da street art e da música urbana. É MC dos Dealema (um dos grupos de hip hop mais antigos do país) e também um pioneiro no que toca ao graffiti portuense e ao hip hop.
André Carvalho
A Circus Network foi criada em 2012 no Porto por André Carvalho e Ana Muska enquanto organização cultural informal, evoluindo no ano de 2015 para se transformar em agência criativa, galeria de arte, loja e co-work. Em 2020, André Carvalho criou a editora Jazzego Records com Hugo Olive.
Ricardo Farinha
Jornalista freelancer, colabora com diversos meios de comunicação social. Licenciado em Jornalismo pela ESCC, escreve sobre música para a revistas Rimas e Batidas e é editor de cultura da revista NiT. Desde 2018 que dá aulas na ETIC sobre a história do rap em Portugal. Em 2023 lançou o livro "Hip Hop Tuga – Quatro Décadas de Rap em Portugal".