Depois de duas edições independentes, a Europa 61 - Semana do Cinema Europeu regressa em 2022 enquanto um programa especial do Porto/Post/Doc. Um programa de doze filmes, produzidos em solo europeu, que pretende voltar a ser um espaço de reflexão sobre questões que marcam o dia-a-dia dos países europeus e a cidadania europeia.
O que poderá unir uma rádio-pirata numa pequena cidade de província nos anos 80 ao retrato de uma adolescência difícil, amenizada pelo talento para o desenho, no mundo rural dos anos 60? Ou qual o elo entre esse mesmo retrato de artista enquanto jovem e um álbum colectivo de adolescentes, subjugados pelas suas ilusões e inseguranças, hoje? Não será preciso grande esforço para relacionar uma experiência de turismo rural num canto perdido da Sardenha, as desventuras de um grupo de voluntários numa zona remota da Transilvânia e um western moderno que decorre nas paisagens desoladas da Lapónia, nem tão-pouco desafios que a medicina contemporânea enfrenta, tais como as consequências sociais da bipolaridade ou a necessidade de unidades de cuidados paliativos. A discriminação étnica estava presente naquela adolescência rural antes referida, tal como, real ou imaginária, pode ser vivida em modernos locais de trabalho, ou na sua versão de mal absoluto, desta vez pelos sobreviventes do Holocausto, no pós-guerra. Já mais desafiante é encontrar o traço de união entre uma lendária rainha-pirata do séc. XVI e o inventor da ficção científica enquanto género popular nos inícios do séc. XX.
Com vários realizadores estreantes — Vincent Maël Cardona, Adéla Komrzý, Santiago López Jover, Eric Schockmel —, dois quase estreantes — Barnabás Toth e Visar Morina —, um belo punhado de cineastas já com obra feita — Radu Muntean, Veiko Õunpuu, Salvatore Mereu, Joachim Lafosse —, dois “repetentes” — Jonás Trueba e Dónal Foreman —, naquilo que começa a ser a criação de um núcleo de autores “cá de casa”, a Europa 61 chega à sua terceira edição, que pretende fazer radiografia anual do “estado do continente”.
O Porto/Post/Doc está de regresso à cidade entre os dias 16 e 26 de novembro. Anunciados estavam já os programas de foco Nós, a Revolução - Cinema e Política nas obras de Márta Mészáros e Miklós Jancsó, Neurodiversidade e Tradução Trans-Temporal: Os Filmes de Arquivo de Sierra Pettengill.
A Europa 61 é co-organizada pela EUNIC Portugal e não seria possível sem o apoio da Europa Criativa — MEDIA Desk Portugal, do Goethe-Institut Portugal, da Embaixada da Áustria, da Embaixada da Bélgica, do Instituto Cervantes de Lisboa, da Embaixada da Estónia, do Institut Français Portugal, da Embaixada da Hungria, da Embaixada da Irlanda, do Istituto Italiano di Cultura in Portogallo, da Embaixada do Luxemburgo, da Embaixada da República Checa e do Instituto Cultural Romeno.
PROGRAMA EUROPA 61
Assandira, Salvatore Mereu, Itália, 2020, FIC, 126'
Exile, Visar Morina, Alemanha, 2020, FIC, 116'
Intensive Life Unit, Adéla Komrzý, República Checa, 2021, DOC, 73’
Intregalde, Radu Muntean, Roménia, 2021, FIC, 104'
Magnetic Beats, Vincent Maël Cardona, França, 2021, FIC, 98'
The Cry Of Granuaile, Dónal Foreman, Irlanda, 2022, FIC, 82'
The Last Ones Veiko Õunpuu, Estónia, 2020, FIC, 117'
The Restless, Joachim Lafosse, Bélgica, 2021, FIC, 73'
Those Who Remained, Barnabás Tóth, Hungria, 2019, FIC, 83'
Tune into the Future, Eric Schockmel, Luxemburgo, 2020, DOC, 52'
Welcome to Siegheilkirchen, Santiago Lopez Jover, Marcus H. Rosenmüller, Áustria, 2021, ANI, 85'
Who's Stopping Us, Jonás Trueba, Espanha, 2021, DOC, 220'