Antes do ‘Curtas’, em pleno Paleolítico, na nossa ambiência latrina, formatei-me num contexto de ciclos de cinema autoral nas salas e na TV. Entretanto, a vida encarregou-se de me despenhar da animação cultural e fossilizei ainda jovem. Apesar de tentar, nunca consegui empolgar-me pelo cinema do depois como pelo do antes. Eis Fellini a mostrar-nos a partida da infância para a chegada e enamoramento pela sua Roma, o humor sofisticadíssimo que caricaturiza a nossa génese e nos faz sorrir ao espelho, na dor de nados latinos, herdeiros do catolicismo e do autoritarismo. Urgência de rever momentums inigualáveis e incontáveis, p. ex. os espectáculos de variedades e respectivas interações com o público, as prostitutas e o final Motoqueiro… (Rui Maia)
Roma é uma carta aberta a uma cidade. Um livro de memórias caótico contado por Fellini, que ficciona a sua chegada a Roma em 1939. Saltamos depois para os anos 70 onde viajamos pelas ruas da capital italiana, filmando a Roma dos monumentos espectaculares e a Roma do dia a dia, a bela e a decrépita. Através dos seus olhos, Roma torna-se uma metrópole eléctrica, onde cidadãos anónimos - e as personagens habituais do universo felliniano - se cruzam com Marcello Mastroianni, Anna Magnani, Gore Vidal e o próprio Fellini.