Para além do território onde os filmes foram produzidos ou rodados, um pacto tácito une-os num laço silencioso. Mesmo que não saibamos exatamente o que acontece, podemos adivinhar que se cruzam algures. No caso dos filmes que hoje nos preocupam, estamos perante diferentes perspetivas. Não veem a mesma coisa, mas também não fingem ver. O ponto de encontro é um compromisso inegociável com o cinema, bem como com os seus próprios pontos de vista. É nas conversas entre eles, também quando se olham furtivamente e conseguem ver a borracha do caderno de outra pessoa, que se desenha uma cartografia do cinema espanhol contemporâneo. Quando Fellini era questionado sobre o grupo de cineastas que compunham o Neorrealismo italiano, respondia que sempre almoçou maravilhosamente em casa de Visconti. Talvez a chave de tudo esteja aí, em encontrar uma espécie de caos que nos permita alcançar a liberdade. Talvez a Espanha seja o pretexto, talvez a Espanha seja o vértice possível sobre o qual se sustenta este cinema em movimento. (Miquel Escudero Diéguez)