Desde que acordam até que se deitam, tudo passa devagar para estes transmontanos, cuja vida rotineira e muitas vezes triste os impede de sonhar com um futuro melhor. "Portugal – Um Dia de Cada Vez" não ia ser um filme – as 300 horas de filmagens faziam parte do processo de pré-produção para outro projeto de Canijo. Mas as vidas destas mulheres, que tão fielmente representam o país em crise, mereciam ser partilhadas. Assim, através do olhar doce de Anabela Moreira, que nos mostra o mais íntimo e mundano sem qualquer sensação de invasão da vida privada, sentamo-nos e ouvimo-las: as suas desgraças, preocupações, os seus olhos brilhantes quando falam do enredo das novelas favoritas. Não são existências grandiosas nem histórias emocionantes, mas na trivialidade das suas vidas vislumbramos o que há de mais humano. (Lídia Queirós)