Com a segunda edição do Porto/Post/Doc chegou a confirmação de que há histórias reais que devem ocupar as salas de cinema, sejam elas sobre grandes acontecimentos históricos ou sobre vidas anónimas. Histórias atuais que nos fazem vislumbrar o futuro; ou reflexões sobre o passado, pressentindo que, na verdade, muito provavelmente, os problemas se voltarão a repetir, noutros lugares e noutros tempos. Filmes sobre um indivíduo ou sobre comunidades inteiras: a complexidade do singular ou a desumanização inerente ao plural. Cada um dos temas tratados é abordado de forma original, mostrando uma nova reflexão sobre o mundo em que vivemos, mas também, e principalmente, revelando como cada realizador vê o documentário, um conceito cada vez mais lato e abrangente, mais imbuído de uma marca autoral e sem restrições formais. Privilegiamos esta liberdade de pensamento e criação, que por vezes traz consigo fronteiras ténues entre realidade e ficção. Desde o Lesoto a Trás-os-Montes, da China à Argentina, os filmes desdobram-se em soluções cinematográficas e maneiras de contar cada história particular. Pois todas estas histórias merecem ser contadas.
(Lídia Queirós)